Descreve-se a vida adulta de Cubas, suas diversas tentativas de trabalho e de invenção (tal qual o emplasto). Por fim, o narrador descreve sua vida como um conjunto de negativas que acabam com um único saldo positivo: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.”
Ao criar um narrador que resolve contar sua vida depois de morto, Machado de Assis muda radicalmente o panorama da literatura brasileira, além de expor de forma irônica os privilégios da elite da época.
Acatando a decisão do pai, Brás Cubas é apresentado à Virgília, parente de um ministro da corte. ... Na mesma época, Brás Cubas também reencontra um amigo de infância, Quincas Borba. O romance com Virgília acaba sendo descoberto, o que fortaleceu ainda mais a paixão dos dois. A moça acaba grávida, mas perde o bebê.
A infância de Brás Cubas, como a de todo membro da sociedade patriarcal brasileira da época, é marcada por privilégios e caprichos patrocinados pelos pais. O garoto tinha como “brinquedo” de estimação o negrinho Prudêncio, que lhe servia de montaria e para maus-tratos em geral.
Dessa maneira, as memórias de Brás Cubas nos permitirão ter acesso aos bastidores da sociedade carioca do século XIX. A obra é apoiada em dois tempos. Um é o tempo psicológico, do autor além-túmulo, que, desse modo, pode contar sua vida de maneira arbitrária, com digressões e manipulando os fatos à revelia, sem seguir uma ordem temporal linear.
Memórias Póstumas é uma narrativa confusa e sem linearidade. O personagem principal, como sugere o título, resolve, depois de morto, contar a história da sua vida através de uma seleção dos episódios mais relevantes, desde o seu nascimento até a sua morte.
Nesse sentido, a personagem intitula-se não um autor defunto, mas sim um defunto autor – haja vista que a morte ocorre antes da escrita de suas memórias póstumas. A infância de Brás Cubas é contada brevemente nos primeiros capítulos do romance.