O lugar de fala não se trata de calar ninguém, mas de abrir espaço para que diversas vozes sejam ouvidas e levadas a sério. ... O lugar de fala traz, na sua essência, a consciência do papel do indivíduo nas lutas, criando uma lucidez de quando você é o protagonista ou coadjuvante no cenário de discussão.
O “lugar de fala” é um termo que aparece com frequência em conversas entre militantes de movimentos feministas, negros ou LGBT e em debates na internet. O conceito representa a busca pelo fim da mediação: a pessoa que sofre preconceito fala por si, como protagonista da própria luta e movimento.
Este livro, lançado por Djamila Ribeiro em 2017, é o primeiro de uma coleção chamada Feminismos Plurais, que pretende abranger as interseccionalidades das desigualdades a partir do olhar de autoras(res) negras(os). ... Fica evidente no livro o diálogo da autora com mulheres acadêmicas, militantes e literatas.
"O lugar de fala pontua e também relativiza. Essa é a importância desse conceito, pois relativiza as teorias e as afirmações que muitas vezes são totalizadoras ou generalistas a respeito de um assunto", alerta Borges.
Em poucas palavras, lugar de fala é definido como a busca pelo reconhecimento da relevância de determinado discurso. A autora é extremamente didática ao afastar desse conceito o problema da representatividade, confusão comum que se tornou uma faca de dois gumes no debate político.
Em resumo, sororidade diz respeito a um comportamento de não julgar outras mulheres e, ainda, ouvir com respeito suas reivindicações. Muitas vezes, o termo sororidade é erroneamente interpretado como se, por obrigação, as mulheres devessem gostar de todas as outras mulheres.
O termo interseccionalidade é um conceito sociológico preocupado com as interações e marcadores sociais nas vidas das minorias.
Santos, São Paulo
Djamila Ribeiro/Local de nascimento
Nestes ambientes, “lugar de fala” é tanto um discurso sobre direitos de autorrepresentação por parte de minorias (“nós podemos falar em nosso nome e de nossas coisas”), quanto uma reivindicação de reconhecimento da autoridade de uma determinada minoria para falar sobre determinados temas e “protagonizar” determinadas ações.
A militância do “lugar de fala” tornou-se, crescentemente, bruta, intolerante e agressiva. Nesse contexto, considero que faça sentido os oito argumentos abaixo, contra a ferramenta ideológica do “lugar de fala”: 1-“Lugar de fala” é o novo fundamentalismo político.
Na prática, o conceito pode auxiliar pessoas a compreenderem como o que falamos e como falamos marca as relações de poder e reproduz, ainda que sem intenção, o racismo, machismo, lgbtfobia e preconceitos de classe e religiosos. Uma crítica à adesão total do “lugar de fala” num debate público é que ele pode restringir a troca de ideias.
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