A sociedade disciplinar é uma elaboração de Michel Foucault para explicar a configuração da sociedade europeia no período de ascensão do capitalismo e gradativa queda do poder monárquico. ... Por fim, a tecnologia panóptica entra como elemento fundamental para o ápice da sociedade disciplinar.
No texto em questão, Foucault apresenta a disciplina como o controle produtivo, convergindo a energia do ser humano em produtividade, sendo que, quanto mais obediente o ser se torna, mais útil ele é pra sociedade, ou seja, os corpos são docilizados.
De acordo com Foucault, as sociedades disciplinares surgem no século XVIII, atingem seu apogeu no século XX e entram em processo de decadência a partir desse período, dando lugar ao surgimento de uma nova forma de organização social. Essa nova sociedade foi definida por Deleuze como sociedade de controle.
O poder disciplinar é uma forma de poder que, ao invés de negar, proibir, punir, quer adestrar e produzir um indivíduo eficiente, dócil e útil. Assim, para Michel Foucault, o poder não tem uma origem, uma fonte, uma essência, nem é algo que possa ser possuído. O poder apenas pode ser exercido.
Para Foucault, na sociedade moderna, o poder não está centrado apenas no setor político ou em determinada organização. Segundo o autor de Microfísica do Poder, na sociedade contemporânea, o poder está disseminado por diversas instâncias da vida social. Fragmentou-se, tornando-se ainda mais eficaz.
Enquanto a sociedade disciplinar se constitui de poderes transversais que se dissimulam através das instituições modernas e de estratégias de disciplina e confinamento, a sociedade de controle é caracterizada pela invisibilidade e pelo nomandismo que se expande junto às redes de informação.
Um corpo dócil. O corpo dócil é um corpo útil e disciplinado, acima de tudo, produtivo. Os conventos, exércitos e oficinas são locais antigos de aplicação de métodos disciplinares, mas, no decorrer dos séculos XVII e XVIII, se tornaram “fórmulas gerais de dominação”.
A disciplina se vale da vigilância como um de seus mecanismos mais eficazes. Foucault mostra que efeitos de poder, tais como o autocontrole dos gestos e atitudes, são produzidos não somente pela violência e pela força, mas sobremaneira pela sensação de estar sendo vigiado.
Foucault cria a ideia de sociedade disciplinar para tentar dar uma resposta à altura do fracasso dos ideais iluministas. Fracasso porque percebemos que nossas sociedades – construídas com base na universalidade da razão, no contrato do consenso social – estão mais para impotentes do que modernas.
O poder disciplinar, portanto, é o tipo de poder que se configura em conjunto com a burguesia em ascensão desde o início do século XVIII e que, na contramão do exercício do poder monárquico, coloca o indivíduo no centro da observação com objetivo de torná-lo útil.
Após a Segunda Guerra Mundial a sociedade disciplinar começa a ser substituída pela Sociedade de Controle. (DELEUZE, 1992, p.220). 2.1. Regime Absolutista A vida em sociedade exige normas jurídicas, ou seja, exige um complexo de normas disciplinadoras que estabeleçam regras para o convívio entre os indivíduos que a compõem.
Dessa forma, poder e disciplina fariam parte de uma rede, onde a segunda seria responsável pelo fortalecimento da primeira - nesse entendimento, os saberes seriam dispositivos de poder, ou, segundo Foucault, “o poder-saber seus processos e as lutas que o constituem, que determinam as formas e os campos possíveis do conhecimento”.
Poder disciplinar e suas práticas. Durante os séculos XVII e XVIII, Foucault afirma que o poder era o direito de apreensão e de confisco, seja do tempo, das vidas ou dos corpos, confisco esse que é uma entre outras funções do poder - dentre as outras, destacam-se a função de controle e vigilância. ".
Para Foucault, as práticas disciplinares permitiriam o controle dos corpos e a sujeição de forças, impondo-lhes docilidade, utilidade e produtividade - ressalta, ainda, que houve descoberta do corpo como objeto e alvo de poder, de submissão e utilização e/ou de funcionamento e de explicação.